terça-feira, 28 de junho de 2011

A festa dos seu quinze anos...

A música era alta, todos dançavam, riam, se divertiam. Já eu só sentado em uma mesa qualquer, jogando conversa fora com um amigo.
Mas ela estava tão linda, perfeita com aquele vestido, como uma princesa. Dançara com varias pessoas, não conhecia metade delas. Reconheci apenas seu pai e irmão, com quem dançara a valsa.
Resolvi dançar um pouco. Não que eu seja um bom dançarino, mas dá pra enganar. Então começou a tocar sertanejo e logo vários casais começaram a se formar, o que não ajudou muito. Acho que vou tomar um ar.
Enquanto andava em direção a uma das enormes portas do salão fui olhando em volta, mas não a vi em lugar algum. Deve estar junto à grande aglomeração de pessoas, dançando com mais um desconhecido meu.
Sentei em um banquinho, tipo aqueles de pracinha, embaixo de uma arvore. Estava um clima razoavelmente agradável, um céu bem estrelado e a lua cheia brilhava lindamente.
Francamente, nem sei o que estou fazendo aqui. Por que eu vim mesmo? Ah sim, porque era a festa de aniversário de minha amada. 15 anos. E só de vê-la aparecer com aquele sorriso radiante valeu a pena.
De repente ouvi um soluço, baixo e contido. Alguém andou chorando. Quando me virei para ir embora, quase tropecei e acabei fazendo barulho. Ouvi então uma vozinha manhosa:
- Quem está aí? Pedro é você?
- Hm, sou eu sim.
Percebi que era ela quem estava falando comigo. Fora ela quem estava chorando. Ela saiu de trás da pequena planta onde se encontrava escondida.
- É... e-eu não... é que... hm...
- Não precisa se explicar.
- É embaraçoso.
- Eu sei. Você não quer voltar lá pra dentro?
- Não, eu prefiro ficar aqui fora.
- Quer que eu fique com você? Quer dizer, isso se quiser companhia...
- Sim eu quero, pode ficar - Disse com um pequeno sorriso.
Nos sentamos no mesmo banquinho. Queria saber por que ela estivera chorando, sendo que a tão pouco tempo parecia tão feliz. Olhei para a garota que agora olhava atentamente a lua. Parecia. Acho que fingir estar feliz foi algo que ela fez a noite toda. Oh, como queria abraçar aquele ser e lhe tirar todas as dores que ali se encontravam. Segurei na mão dela, então ela me olhou.
Havia uma certa confusão em seus belos olhos chocolate. Então me levantei e lhe estendi a outra mão. Ela se levantou e a pegou. Então coloquei uma de suas mãos em meu ombro e segurei sua cintura.
Começamos a dançar lentamente, ignorando a música agitada. E embora tivessemos dançado por pouco tempo, a mim pareceram horas. Era como se tivéssemos dançado a noite inteira. É, valsamos a noite toda.

"E a valsa nós dançamos ao luar
nós dançamos ao luar
nós dançamos ao luar..."

domingo, 26 de junho de 2011

P.S. : Eu te amo

Querido cretino,

      Sabe quando se é pequeno, criança, e pensa em quando for mais velho? E pensa em como seria bom viver um grande amor? Eu não fugia a regra. Eu era assim também, mesmo depois da infância. Mas sempre tive o cuidado de não demonstrar. Nunca quis ser mais uma daquelas garotas frágeis que uma hora ou outra são deixadas de lado. 
      Até que te conheci. Era tudo tão perfeito, e meu mundo ficou ficou mais colorido, mais rico, mais lindo. Achei que finalmente poderia viver um amor como aqueles em que se via em livros, filmes. Só com o que sentia por você achei que poderia destruir o mundo, governar exércitos, eu até poderia derreter geleiras polares sabia? Só pra demonstrar o que sinto por você. Quando descobri que talvez fosse correspondida achei que explodiria de felicidade. De repente minha vida ficou perfeita e achei que ninguém poderia estragá-la. Ninguém exceto você, não é? 
     Porque foi você quem acabou com ela. Era tudo sobre você. Minha vida era você. E você conseguiu acabar com tudo ao dizer que não me queria, que era apenas diversão. 
      Foi bom brincar comigo?
     Você me deixou, e meus sonhos e esperanças acabaram sendo jogados ao vento. Agora eu te odeio, mas também te amo. Isso é confuso, porque não sei exatamente o que sinto. Toda vez que te vejo minhas pernas ficam bambas e tenho vontade de te bater, quando ouço sua voz sinto calafrios e tristeza , quando te vejo com outra garota sinto tanto ciumes e tanto ódio. Mas acima de tudo, sempre que penso em você, sinto pena. Pena por saber que você é uma criatura tão insensível, pena por saber que não fui a primeira e nem a última a cair nos seus braços pra depois ser chutada, pena por saber que você não se arrepende e pena por saber que quando se arrepender será tarde demais, e quem estará sofrendo de amor será você.
     Sempre achei tolas aquelas mulheres que faziam loucuras quando eram deixadas e agora as entendo. Agora também percebo uma porção de coisas que antes era incapaz de perceber. Sempre foi um erro estar com você, mas sabe como dizem, aprendemos melhor com nossos erros do que com acertos. Por isso não mudaria nada no passado. Faria tudo de novo se pudesse. Posso estar na fossa agora, mas os momentos que passei com você foram os melhores da minha vida, e isso só pela sua presença. Droga! Não consigo te odiar por mais que eu queira. Me sinto inútil. Uma idiota frágil e sem saber o que fazer. Como as garotas que tanto desprezava. Irônico. 
     Sei provavelmente que nem chegue a ler isso. Estará com certeza mais ocupado 'catando' alguma guria, que cairá na lábia do Sr. Cafajeste e depois irá se lamentar eternamente por isso. Mas precisava de um jeito, desabafar simplesmente. E a melhor opção que encontrei foi escrevendo uma carta a você.

Com toda a minha angustia,
Seu amor.